Imagem capa - MOVIMENTO É FUNDAMENTAL por Colmeia Jardim Escola

MOVIMENTO É FUNDAMENTAL

Temos visto cada vez mais crianças com dificuldades para se conectarem nos processos de aprendizagem, do ensino fundamental em diante. Nem sempre são crianças que tenham um diagnóstico, ou algum distúrbio. Por quê será que isso está acontecendo? 


É sobre isso que queremos refletir hoje.


Com um olhar mais atento percebemos que muitos dos impedimentos para o avanço no processo de aprendizagem estão relacionados ao desenvolvimento na primeira infância. Reflexos retidos, falta de orientação espacial ou de coordenação motora, pouco equilíbrio, dificuldade de domínio corporal, dificuldade de memória e atenção, dentre outras.


Podemos, então, nos perguntar de onde vêm todas estas dificuldades?


Claramente vamos encontrar a resposta na observação de uma infância SEM MOVIMENTO!


É cada vez mais frequente crianças paradas em frente às telas, paradas nas carteiras em salas de aula, paradas dentro dos carros que as levam e buscam aos lugares, paradas dentro de carrinhos de bebê mesmo já sabendo andar e em tantas outras situações cotidianas.


Em algum momento passou a valer a máxima da criança comportada, educada,  ser aquela que fica quieta. Mas será que é esta a natureza da criança? Será que é esta a natureza da educação, aquietar a infância? Silenciar os ruídos?


Uma escola que mantém suas crianças quietas e comportadas está dando a elas o que precisam para que se desenvolvam de forma saudável e inteira?


Podemos dizer, com certeza, que não!! Criança precisa de movimento!!!


O movimento é um requisito imprescindível para o desenvolvimento cognitivo. Assim chegamos nas escolas de educação infantil e do porquê estamos fazendo esta postagem. Tem-se pensado, equivocadamente, que quanto mais cedo atuarmos na aquisição de conhecimentos, mais chances as crianças terão de ter sucesso na alfabetização. Ledo engano!


O corpo da criança precisa estar disponível para a aprendizagem! Uma criança bem conectada com seu corpo e com um entorno emocional equilibrado tem muito mais chance de êxito.


Nós, seres humanos, necessitamos de aproximadamente 6 anos para entender como nosso corpo funciona em seus aspectos sensório-motores e 8 anos para a articulação de todos os fonemas. São aquisições que se dão de forma encadeada e que precisam de treino e tempo para se tornarem habilidades.


O primeiro movimento voluntário a ser conquistado é o dos olhos, depois cabeça, pescoço e por aí vai. A partir da cabeça até chegar aos pés, são muitas, mas muitas etapas! Cabeça, tronco, membros, articulações, lateralidade, equilíbrio na postura ereta que permite o caminhar, noção do espaço tridimensional (em cima-embaixo, frente-trás, esquerda-direita), movimento cruzado, enfim, o caminho é longo e complexo.


Podemos dizer que dominamos um movimento quando passamos a realizá-lo de forma automática e independente.


“Se uma criança não se sente capaz corporalmente, 

tem a incapacidade como experiência de vida!”


E aqui cabe mais uma pergunta: Como ajudar a criança a desenvolver todas estas habilidades necessárias para que se coloque com firmeza na vida?

O que Steiner falava cem anos atrás e que é conduta em toda educação infantil waldorf, hoje vem a neurociência confirmar e alertar.

Deixe a criança brincar!!! 

Em casa, na praça, no parque, no quintal, no sítio, e principalmente, NA ESCOLA!!!



  



Precisamos desconstruir, com muita consciência, o lugar de uma escola de educação infantil cheia de atividades dirigidas, de trabalhinhos a serem apresentados para as famílias, de desenhos contornados, de crianças sentadas em carteiras, de ambientes sem “riscos” e desafios.




Precisamos de escolas que criem espaços de experimentações livres, de convívios plurais, que ofereçam elementos naturais, onde tenha sol e chuva, terra, horta, suavidade, e confiança na criança que se autoeduca neste ambiente, sob os cuidados dos adultos/educadores.

As crianças assim, livres para brincar e experimentar, adquirem autonomia, confiança em si mesmas, domínio de suas habilidades e se preparam de forma íntegra para a próxima etapa de seu desenvolvimento.





Do contrário, poderemos ter crianças com dificuldades na abstração, na leitura, na escrita, na compreensão de conteúdos mais complexos, na formulação de conceitos. Crianças imaturas afetivamente e sem autonomia.


“Se damos às crianças o espaço e as possibilidades de se moverem livremente, 

se moverão tão belamente e com tanta graça como os animais, de maneira: 

ágil, simples, confiante e natural.” 

Emmi Pikler