Imagem capa - EDUCAÇÃO INFANTIL EM TEMPOS DE PANDEMIA - Uma reflexão  por Colmeia Jardim Escola
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EDUCAÇÃO INFANTIL EM TEMPOS DE PANDEMIA - Uma reflexão

Nossa escola trabalha com a pedagogia waldorf, e uma das bases da educação infantil, a partir dessa proposta pedagógica, é que a escola seja uma representação do lar. Para isso as turmas são formadas com crianças de idades diferentes para uma convivência de irmãos, a sala tem um apelo estético de aconchego e calor, a professora se coloca como a figura de um adulto que cuida do ambiente e das crianças.








Dada a importância extrema que vemos em alguns aspectos como o brincar livre, sem direcionamento; a imitação do adulto; o vocabulário, a música, a entonação vocal, o movimento, enfim, tudo aquilo que atua diretamente na formação do ser criança através de seus sentidos, tornou-se um enorme desafio pensar a educação infantil longe do contato físico.


Um grande paradoxo aconteceu! Se a proposta era criar um ambiente da casa na escola, o que fazer agora que a casa precisa se tornar um lugar que caiba as crianças novamente? E como podemos intervir nesse aspecto?


Em nossas reflexões e pesquisas vimos muitas escolas enviando atividades para serem feitas em casa e dando ideias para as famílias executarem. Como brincar, como fazer brinquedos, como agir; outras tentando encontrar, através das mídias, uma educação à distância com vídeos de histórias, brincadeiras de dedos, teatrinho. Refletimos bastante se era isso que seria a base do novo que o momento nos exige. 


- Onde ficaria a brincadeira livre perante atividades dirigidas?

- Como atuaria a imagem cristalizada do gesto humano, nos vídeos?

- De que forma tudo isso permearia a criança no seu processo de imitação?


São reflexões importantes que nos exigem aprofundamento do nosso trabalho. Vimos também ideias que nos inspiraram em nossa essência e têm nos ajudado nessa construção. Não vai aqui nenhum julgamento ou crítica, estamos todos em busca, sendo revirados do avesso para encontrar caminhos e possibilidades. Estamos apenas contando nosso trajeto e nossos pensamentos, sentimentos e ações, também ainda germinais.


A primeira coisa que, para nós, ficou muito forte e evidente é que não recorreríamos às mídias!! Pelo menos não com as crianças! Como é difícil não ceder à tentação, mesmo sabendo de todo o mal que ela causa ao desenvolvimento infantil. 


Mas como, então, nos aproximarmos das crianças? E aí ficou muito claro que a aproximação deveria se dar através da família, dos pais e das mães. Apoiá-los, instrumentalizá-los, enriquecê-los com imagens, e o mais importante de tudo: validar o saber ancestral que cada um tem na criação de seus rebentos. Informação? Só as mais ligadas à pedagogia waldorf e sua fundamentação. A nós, nos pareceu arrogante querer dizer como educar. Pareceu mais fraterno nos tornamos parceiros na educação familiar que os tempos atuais exigem.


A segunda coisa que nos orientou em nossas decisões foi a necessidade de pertencimento a um grupo. A escola waldorf é uma comunidade! Não é um lugar apenas de informações e conteúdos. Ela está para acolher, formar, partilhar, pensar juntos, ouvir, enfim, educar na sua forma mais ampla, e também na mais fundamental que é a autoeducação. 


Assim foi que pensamos o financeiro, assim foi que ouvimos as demandas das famílias, assim é que vamos nos construindo, dia a dia, a cada desafio. Todas as famílias continuam conosco, pagando as mensalidades ou não. Uns pagam mais, outros menos, uns não podem nesse momento. Nossa planilha foi aberta em reunião e cada um se colocou da forma que foi possível para manter as contas em dia. É um movimento vivo, precisa ser revisto a todo momento, as condições variam, não podemos e não devemos nos cristalizar em conceitos que não nos atendem mais. Entretanto, não podemos também perder nossa essência!! Como nos fala Steiner:


Salutar só é 

quando no espelho da alma humana, 

se forma a comunidade toda, 

e na comunidade vive 

a força da alma individual 

- Rudolf Steiner -


E, finalmente, queremos manter nossa escola viva!!! A escola viva não é, necessariamente, somente o espaço físico, é, sobretudo, o espaço anímico! É nele que estamos buscando novas formas de manutenção da Colmeia. Nesse espaço no qual as forças do Pensar, do Sentir e do Querer habitam é que se forma a comunidade do futuro! É aqui onde tudo começa e se expande. É uma oportunidade do exercício trimembrado físico, anímico e espiritual!


E assim vamos seguindo...juntos!


A partir de hoje, a cada semana, vamos contando para vocês um pouquinho de como estamos construindo o novo! Esperamos que possa ser inspiração!